Maletas da Sustentabilidade | ENA - Energia e Ambiente da Arrábida

O que é o desenvolvimento sustentável?


«Modelo de desenvolvimento que, segundo a mais conhecida definição, referida pela ONU, permite satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações satisfazerem as suas próprias necessidades».

O desenvolvimento sustentável e a alteração de comportamentos para que a sociedade possa atingir tal desiderato é o objetivo das Maletas da Sustentabilidade. É com base nesta preocupação central que as diversas ferramentas pedagógicas disponibilizadas se apresentam, no sentido de que as crianças e os jovens se consciencializem sobre os comportamentos que devem ser alterados, e que a viagem que vão empreender com a ajuda destas maletas os vai levar a novas formas de viver o seu quotidiano e a uma nova relação com o ambiente e com os recursos disponibilizados pela Terra.

Mas o que é, na prática, o desenvolvimento sustentável?

Sinteticamente, podemos afirmar: «É um modelo de desenvolvimento que permite satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações satisfazerem as suas próprias necessidades».

No fundo, o desenvolvimento sustentável visa melhorar as condições de vida de todos, preservando-se o meio envolvente a curto, mas também a longo prazo, tendo como objetivo um desenvolvimento economicamente eficaz, socialmente equitativo e ecologicamente sustentável. Tal implica um uso razoável dos recursos da Terra e a preservação das espécies e dos habitats naturais.

Questões que são temas destas maletas, como a eficiência energética, a mobilidade sustentável, o clima e as alterações climáticas, o consumo sustentável, o uso eficiente de recursos, a valorização dos resíduos ou ainda a preservação da biodiversidade são áreas essenciais que merecem uma reflexão individual e coletiva, no sentido precisamente de se alcançar um desenvolvimento sustentável.

A forma como se encara este conceito tem evoluído nas últimas décadas, em função dos novos conhecimentos científicos, mas também da própria consciencialização da sociedade em geral, com reflexo em diversas decisões internacionais já tomadas, nomeadamente no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU).

Este paradigma de desenvolvimento ficou plasmado na Rio-92, através da Agenda 21, elaborada com a colaboração de 172 países, que objetivou o desenvolvimento sustentável, priorizando o meio ambiente. O documento foi elaborado com base na conservação ambiental, justiça social e crescimento económico. Estes três pilares são ainda hoje considerados essenciais para a aplicação deste conceito de desenvolvimento.

Entretanto, os oito objetivos traçados internacionalmente no início deste século, no que ficou conhecido como os «8 objetivos do milénio», para o período de 2000 a 2015, deram lugar, em 2015, aos «17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável». Definidos numa cimeira da ONU, em Nova Iorque (EUA), dão corpo à nova agenda de ação até 2030. Esta agenda é fruto do trabalho conjunto de governos e cidadãos de todo o mundo para criar um novo modelo global para acabar com a pobreza, promover a prosperidade e o bem-estar, proteger o ambiente e combater as alterações climáticas. 

Os 17 objetivos são:

  1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas e em todos os lugares.
  2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e a melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável.
  3. Garantir uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades.
  4. Garantir uma educação inclusiva e equitativa de qualidade e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.
  5. Alcançar a igualdade de género e capacitar todas as mulheres e raparigas.
  6. Garantir a disponibilidade e a gestão sustentável da água e saneamento para todos.
  7. Garantir o acesso à energia fiável, sustentável, moderna e a preço acessível para todos.
  8. Promover o crescimento económico sustentado, inclusivo e sustentável, o emprego pleno e produtivo e o trabalho digno para todos.
  9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação.
  10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles.
  11. Tornar as cidades e os povoamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.
  12. Garantir padrões de produção e de consumo sustentáveis.
  13. Tomar medidas urgentes para combater as alterações climáticas e os seus impactes.
  14. Conservar e utilizar de forma sustentável os oceanos, os mares e os recursos marinhos, para o desenvolvimento sustentável.
  15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir as florestas de forma sustentável, combater a desertificação, travar e reverter a degradação dos solos e estancar a perda de biodiversidade.
  16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas a todos os níveis.
  17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.

Salientar que as maletas da Sustentabilidade têm por base alguns destes objetivos (7, 9, 11, 12, 13, 14, 15), e que um dos seus recursos, o jogo em formato gigante, é precisamente sobre esta temática dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

Em termos globais, num olhar mais alargado ao planeta, importa reter a questão: se o desenvolvimento económico é vital para os países mais pobres, o modelo a seguir não pode ser o que foi seguido pelos países mais industrializados. Os padrões de desenvolvimento têm que ser outros, baseados numa relação diferente com os recursos naturais e a sua exploração. Por outro lado, os países mais desenvolvidos também têm que estar comprometidos com esta alteração de paradigma, sabendo que tendo apenas um quinto da população do planeta, consomem 70% da energia, 85% da madeira e 75% dos metais, detendo quatro quintos dos rendimentos mundiais.

Para se alcançar o objetivo do Desenvolvimento Sustentável, é necessária uma mudança de atitudes. Estas são as maletas que nos podem acompanhar nessa viagem necessária, nesse percurso que nos leva dos atuais modelos de exploração dos recursos da terra, a novos modos de atuação e interação com a natureza, cultivando-se novos comportamentos que contribuam para a preservação do ambiente.